'Coração independente, coração que não comando: vive perdido entre a gente, teimosamente sangrando, coração independente.' Amália
Pensei que tinha o 'post' pronto para o dia de hoje. Dei-lhe título e tudo: 'PORTUGUESES ESQUECIDOS'. Anotei o dia 5-12-08. Tinha actualizado o blogue, fala de livros. Pego nos jornais, e verifico que nesta quinta-feira chegou às salas de cinema, o filme 'AMÁLIA'. Outras músicas, e olhares tão particulares. Gosto de Fado, como gosto do Jazz e de muitas outras sonoridades. Evoluem. Tenho curiosidade em ver a aventura de reconstituir a vida da 'diva' do fado. Não deve ter sido fácil somar imagens, textos, vozes e música. Amália sabia-o fazer. Por isso irei ver este filme. Pouco me importam as polémicas em torno do mesmo. Sabemos que é uma biografia ficcionada. Vou também pelo registo do álbum 'Encontro' - Amália e Don Byas. Ainda pelos poetas que Amália cantou. Pedro Homem de Mello e David Mourão Ferreira, e os trovadores. De Camões a Bocage, rumo aos poetas contemporâneos. Depois deu-se o encontro com Alain Oulmain. O fado, esse estranho lamento iria mudar para sempre a vida do compositor, mas também de Amália. 'Um dia estava num acampamento e levaram-me Alain Oulmain, que tinha uma música a pensar em mim, o Vagamundo. Fui ouvir e gostei. Seguiram-se outras e fui contra a maré das pessoas que estavam ao pé de mim, que achavam aquilo muito complicado. Os guitarristas de facto, tiveram de aprender aquelas harmonias novas que o Alain trazia, que não tinham nada a ver com o fado porque o fado é pobre em harmonia. O Alain nasceu no Dafundo, nasceu em Portugal, apesar de ser francês. Tem uma sensibilidade grande de artista, foi criado num certo ambiente. Depois, ouviu-me cantar, sentiu que a minha sensibilidade estava muito perto da sua. Dá-me a possibilidade de voar.' Sou pelos estetas, e neste sentido o Fado tudo deve a Alain Oulmain e a Amália. Ambos lhe deram um toque de classe.