Quando o telefone tocou naquela manhã, bem cedinho, ela já sabia. Era ele! Ela atendeu com um tom na voz meio Billie Holiday, cantando Stormy Weather. Aliás, se tivesse que escolher uma música ao fundo, quando se deliciam com o olhar de um no corpo do outro ou nas raras vezes em que se falam, bem que poderia ser sempre Lady Day cantando - sensualíssima, delicada e, cante o que cantar parece sempre pedir: beije-me…, beije-me…, por favor…, sem parar…
Para ela, aquele homem proibido se tornou um quebra-cabeças, quando a cada contato ela descobre uma peça mais excitante que a anterior. É um amor recíproco, mas incomum. Surgiu na contra-mão da modernidade. Surgiu e cresce sem precisar do toque físico; sem beijos impulsivos. Se alimenta acima de tudo dos olhos dele sobre o corpo dela, pois assim ela quis que acontecesse. Como se tivessem combinado um jogo amoroso diferente. Mas agora ela tinha um dado novo: a voz. Uma voz grave, pausada, que disse tão pouco, como quem quisesse apenas “pingar” palavras na dose certa, garantindo assim, a certeza de nada arriscar ou comprometer. Não disse nem mais nem menos. O suficiente para fazer surgir dentro dela o enorme desejo de descobrir mais um pedacinho daquele homem tão enigmático. Ele disse querer descobrir suas cores e sabores e ela só desejava sentir cheiro dele, que já sabia que iria gostar.
Cheiros e gostos. Era o que faltava para descobrirem a peça mais importante do quebra-cabeças. Depois de revelada a peça “coringa”, aí a melhor parte do jogo estaria pronta para começar: o tocar com desejo incontido, o provar com desejo de devorar, enfim o trocar.
Ele se foi, pois, ele é um homem do mundo, e ela seguiu sua vida cotidiana, mas sempre esperando que ele telefone de algum lugar do mundo, o mais breve possível. Quem sabe no meio de alguma noite, sozinho na África ou na Europa, em que ele imagine as mãos dela no corpo dele. E ele sempre liga. Até quando…
Ela voltou para a cama e dormiu novamente.Ao fundo, bem baixinho Billie Holiday cantava…
Para ela, aquele homem proibido se tornou um quebra-cabeças, quando a cada contato ela descobre uma peça mais excitante que a anterior. É um amor recíproco, mas incomum. Surgiu na contra-mão da modernidade. Surgiu e cresce sem precisar do toque físico; sem beijos impulsivos. Se alimenta acima de tudo dos olhos dele sobre o corpo dela, pois assim ela quis que acontecesse. Como se tivessem combinado um jogo amoroso diferente. Mas agora ela tinha um dado novo: a voz. Uma voz grave, pausada, que disse tão pouco, como quem quisesse apenas “pingar” palavras na dose certa, garantindo assim, a certeza de nada arriscar ou comprometer. Não disse nem mais nem menos. O suficiente para fazer surgir dentro dela o enorme desejo de descobrir mais um pedacinho daquele homem tão enigmático. Ele disse querer descobrir suas cores e sabores e ela só desejava sentir cheiro dele, que já sabia que iria gostar.
Cheiros e gostos. Era o que faltava para descobrirem a peça mais importante do quebra-cabeças. Depois de revelada a peça “coringa”, aí a melhor parte do jogo estaria pronta para começar: o tocar com desejo incontido, o provar com desejo de devorar, enfim o trocar.
Ele se foi, pois, ele é um homem do mundo, e ela seguiu sua vida cotidiana, mas sempre esperando que ele telefone de algum lugar do mundo, o mais breve possível. Quem sabe no meio de alguma noite, sozinho na África ou na Europa, em que ele imagine as mãos dela no corpo dele. E ele sempre liga. Até quando…
Ela voltou para a cama e dormiu novamente.Ao fundo, bem baixinho Billie Holiday cantava…
Elaine Bento