10 de janeiro de 2009

PORTUGUÊS SUAVE




(EX)CITAÇÕES:

'Sou um conservador, um botânico e um velho. Até como botânico sou conservador, reservando sempre o mesmo espaço para as begónias – que me lembram Júlio Diniz e Uma Família Inglesa – e o mesmo enlevo para os hibiscos. A velha casa de Moledo, onde a família passa os domingos e, episodicamente, os finais de semana, não acolhe memórias de um século; alberga apenas a poeira de oitenta e quatro anos assinalados, religiosamente, em Dezembro de cada ano e anunciados à família como um avanço na conservação da espécie.'
'Dobrei já aquilo que se chama a idade do século. O mundo não tem para mim, hoje, passados oitenta e quatro anos, menos segredos do que quando o senhor general Craveiro Lopes foi apeado da Presidência. Há quem pense que a idade é uma vantagem.Seguramente não é. Com o tempo vamos ficando maduros e tranquilos; mas com a idade vamos apenas reparando nos defeitos dos outros e quase nunca nos nossos. Reparo que os meus sobrinhos espremem a pasta dentrífica pelo meio e não pela base. Dou-me conta das mudanças de estação quando os pinhais de Moledo mudam de cor. A velocidade das coisas não me interessa, há muito que me conformei com a sua passagem e a ideia, vulgar e triste, de que há coisas novas para experimentar. Sou um consevador, um botânico e um velho.'
Fonte: Os males da Existência, Crónicas de um reaccionário minhoto. António Sousa Homem, Bertrand Editora, 2008.
UM LIVRO
'A AMANTE FATAL' - Rui Araújo, Oficina do Livro, Junho de 2005;
OUTRAS MÚSICAS
'diário' - Mafalda Arnauth, 2005 Universal Music Portugal,SA;