19 de junho de 2009

EDGAR ALLAN POE


O inverno, em Boston, foi breve. Ele bebia. Sílabas abriam-se uma a uma pelos cantos do quarto. Gotas de álcool. Quem se lembra da chuva caída no seu nome? Folheou toda a noite os livros ancestrais e encontrou qualquer coisa, ninguém sabe o quê, talvez o rosto de Annabel Lee. Esboçou-o na vidraça carregada de sombra e o quarto amanheceu.
«Mas isso pouco vale (diz a magia negra), o filtro apenas decompôs mais cedo o horror em luz, não alterou a solidão dos dias, que a noite separa uns dos outros para sempre».
Notas de viagem.Edgar Alann Poe, in cadernos de poesia 5 - SOBRE O LADO ESQUERDO - Carlos de Oliveira, publicações dom quixote - 2ª. edição, Maio de 1969.