21 de setembro de 2009

"PRIVATE INVESTIGATIONS"

Quantas vezes o havia feito. Olhar o espaço outrora de outra pessoa. Tentar perceber o que ali se passou. Um mundo por descobrir onde segredos se escondiam. Era quase sempre assim. Olhar atento às provas, até porque não existem crimes perfeitos. Apenas minúcias. Outros tiram fotografias, mas também impressões digitais. Revolvem muita coisa. Procura-se a intimidade, mas também um fio condutor. Gosta sobretudo de caminhar pelos espaços. Apalpar o passado. Investigar um suposto crime pressupõe calcular o tempo, mas também o momento. Na sala, reparou no velho "long play". Sentou-se. Ao fazer uma vénia, chamou o Lopes, disse-lhe «tira aí um grande plano. Preciso dessa foto ainda para hoje». Horas depois, no descanso de casa esboçou um leve sorriso. Estes dois presenciaram tudo. Eram as verdadeiras testemunhas de um Crime.