15 de outubro de 2010

"RETRATOS"


"O Americano tranquilo é um livro curto, pequeno. E contundente. Baseado em suas notas durante reportagens realizadas para a revista LIFE em 1952 e lançado em 1955, retrata a Indochina em sua tentativa de se livrar do domínio francês. Na verdade, os franceses estavam levando uma surra e se vislumbrava sua derrota posterior. Os olhos norte-americanos também estavam presentes e sua intervenção estava sendo prevista (embora, ninguém pudesse prever o vulto que isso tomaria pouco anos depois, quando a Indochina se tornaria Vietnã).
A história gira em torno de um decadente e cético jornalista inglês chamado Thomas Fowler. Farto dos seus colegas jornalistas, farto da guerra em um país que aprendeu a amar, farto da politicagem e da hipocrisia diplomática, pretende se manter à parte e distante de qualquer envolvimento mais sério. A não ser com Phuong (cujo nome significa "fênix"), uma jovem vietnamita. Ela (além do ópio) é a única alegria na vida de Fowler, mas não podem se casar pois sua esposa inglesa é católica e não lhe concede o divórcio.
E aí chega o tal americano tranqüilo, Pyle. Repleto de boas intenções, uma ingenuidade descomunal e um profundo desconhecimento do Oriente e suas especificidades, Pyle está imbuído de sua missão pela Democracia, Valores Humanos, uma Terceira Via para salvar o Oriente das garras de quem não o mereça (isto é, nem os franceses nem os próprios orientais "desprotegidos"). E com isso, com toda a força e seriedade de sua juventude e inconsciência, vai espalhando morte, destruição e tristeza. E também se apaixona por Phuong, forçando Fowler a finalmente tomar uma atitude."