28 de agosto de 2013

Totalitarismo(s) & afins


"Em 1906, o escritor russo Máximo Gorki instala-se na ilha de Capri, onde ficará sete anos. Em 1908, Gorki recebe a visita do seu amigo Lenine, então igualmente exilado político, que o visita novamente em 1910. Estas páginas inspiram-se nesses encontros. Em pequenas pinceladas, como se fosse um desenho que se vai retocando, emerge o perfil de Gorki, o seu percurso, certezas e interrogações. Nesta novela - falso ensaio sobre um fictício diário - o autor entretém-se a evocar alguns episódios e figuras do início do século XX, essa Europa anterior à grande convulsão de 1914. Combinando a fantasia e o seu contrário para melhor os confundir, para melhor iludir o leitor. Quantas vezes não é a mentira vizinha da verdade? Qual delas é o complemento da outra? Das duas, não será a ficção a mais verosímil? Entre a sombra e a luz, areias movediças, onde estará a linha de fronteira que as separa? Onde situá-la, se acaso existe? Gorki acabará, como tantos intelectuais do seu tempo, por se render ao espírito totalitário. Por caucioná-lo e servi-lo. Esta narrativa, esboço de uma amizade conturbada, é também isso: a derrota do humanismo e da boa-fé ante a ideologia e o fanatismo." Fonte: Wook.