2 de fevereiro de 2017

Portugueses incomuns


Esta semana voltei a um cinema, fui reencontrar-me com pedaços da vida de Manuel Teixeira Gomes, porventura o último presidente (culto) da 1.ª república portuguesa. É sabido que o bom homem farto das canalhices políticas, bateu com a porta, e colocou-se ao fresco, numa praia da Argélia. Por ali ficou. Regressei ao cinema numa semana que também se comemora em Portugal o regicídio. Desse atentado terrorista resultou a morte de um Rei e de um dos seus filhos. Em 1910 com o advento da república, o então Rei D. Manuel II partiu para o exílio em Inglaterra onde viria a falecer. Uni dois acontecimentos na vida de dois homens incomuns, e que estimo, pesem as diferenças ideológicas. Por momentos imaginei o reencontro destes dois portugueses, numa esplanada de Bougie (então Argélia Francesa), e o que por certo teriam a dizer um ao outro. Cito Manuel Teixeira Gomes, para começo de boa conversa, « A política longe de me oferecer encantos ou compensações converteu-se para mim, talvez por exagerada sensibilidade minha, num sacrifício inglório. Dia a dia, vejo desfolhar, de uma imaginária jarra de cristal, as minhas ilusões políticas. Sinto uma necessidade, porventura fisiológica, de voltar às minhas preferências, às minhas cadeiras e aos meus livros.»