31 de janeiro de 2009

'GALLEGO' SUAVE


Eis um livro que me chegou de forma diferente. Este foi dado, e ainda por cima por um colega de trabalho. O Jorge tinha avisado 'tenho por lá um livro para ti, e parece-me «cousa» diferente'. Na verdade, ele trouxe coisa rara. Foi publicado pela primeira vez no ano de 1926, e Alfonso Castelao era já homem de quarenta anos. Também galego de muitos ofícios: médico, escritor, político nacionalista, desenhador e totalmente comprometido com a sua terra. A escrita de Castelao é o somatório dessas observações. Assim nestas «Cousas está, xa que logo, o Castelao máis xenuíno e universal, aquel que hoxe ten a consideración dun clásico da literatura galega polo exemplar equilibrio que logrou gracias á sabia combinación de elementos dispares, uns de tipo formal e outros puramente significativos, saídos todos do cerne mesmo da alma galega. Unha alma da qual el foi, ó mesmo tempo, intérprete e executor.»
A partir de agora tenho também por casa, «un clásico da narrativa galega. A obra máis orixinal dun escritor que creou un xénero».
(EX)CITAÇÕES
''Pode-se observar a partir da análise da obra de Castelao a capacidade de codificação de diversos fundamentos em que se constrói o imaginário de uma sociedade, revelando, deste modo, um grau extraordinário de conhecimento da psicologia do povo galego. Entretanto, a sua genialidade não encontra suas fronteiras finais neste ponto. Castelao é, antes de tudo, um pedagogo que faz a sua grandiosa obra se tornar de fácil leitura para o cidadão galego o qual, ao identificar-se naquelas linhas, resgata o orgulho pela sua pátria.
OUTRAS CONVERSAS
''Andamos todos ressabiados. Invejamo-nos, desprezamo-nos; se os outros não tiverem defeitos, inventamo-los; deixámos de ser transeuntes, cidadãos: trespassamo-nos com a indiferença, o ressentimento e o ódio. A notícia da prisão deste ou daquele, banqueiro ou vizinho, amigo ou inimigo, lança no nosso íntimo uma alegria obscena. Não vivemos - existimos no pequeno mundo de obcecações que nos cegam. Que nos aconteceu? Quem nos roubou a humanidade que permite a clarividência e a energia necessárias para suportar a adversidade, a mentira, a infâmia? Tudo nos conduz e nos empurra para um futuro ainda mais amargo, mais confuso e ambíguo do que este presente. E, no entanto, é preciso perceber que o comportamento individual pode responder às exigências dos grandes compromissos e das grandes fidelidades''.
Fonte:DN - ''Viver em Portugal'', Baptista-Bastos.
OUTRAS MÚSICAS
''NIGHTS AT THE TURNTABLE'' - Chet Baker/Gerry Mulligan, Essential Jazz Masters, 2003 IMC Music Ltd.