"Verkhovenski e Stavróguin são os líderes de uma célula revolucionária russa. O seu objectivo é derrubar o governo, destruir a sociedade e tomar o poder. Mas quando o grupo está prestes a ser descoberto uma questão se coloca. Estarão os seus elementos dispostos a matar-se uns aos outros para encobrir o seu rasto? O romance baseia-se, em parte, na história de um estudante assassinado pelos seus colegas revolucionários. Mas é também uma descrição da Rússia do século XIX e uma violenta acusação contra os que usam a violência em nome dos seus princípios. Tolerado por Lenine, banido por Estaline, cujo regime parece ter antecipadamente previsto, Dostoievski só seria redescoberto na URSS a partir dos anos 60 do século XX. É que a extrema atenção com que o autor de "Os Demónios" seguia os acontecimentos da sua época permitiu-lhe prever os excessos e sofrimentos para que o seu país caminhava. «Os romances de Dostoievski representam graus sucessivos de uma busca da existência de Deus; neles é elaborada uma profunda e radical filosofia da acção humana. Os heróis de Dostoievski estão embriagados de ideias e consomem-se no fogo da linguagem.» «Muito do mal que torna sombrio "Os Demónios" resulta da profanação ou perversão do amor (...), o modo como Stavróguina esvazia a alma dos homens para que os demónios nela possam entrar pode ser visto, com extraordinária força e equilíbrio dramático, no episódio da reunião em casa de Verkhovenski. A cena é a Última Ceia e o modo de a tratar é ao mesmo tempo irónico e elegíaco. (...) Não podemos esgotar os significados de Stavróguin, como não podemos esgotar os de Hamlet ou do Rei Lear.» (George Steiner, "Tolstói ou Dostoievski") " Fonte: FNAC.
(Ex)Citações: "a ministra da administração interna se estiver calada, é um favor que faz à comunicação entre os seres humanos."
Outras conversas: "Ficar a ler um livro noite fora é quase sempre um exercício que abre o apetite. Quando se trata de um policial escrito pelo italiano Andrea Camilleri, contando as aventuras do seu inspector Montalbano a coisa piora um pouco. Game of Mirrors, originalmente publicado em 2011, traduzido este ano para inglês, é o 18º livro das histórias do inspector Montalbano, como sempre com a Sicília em pano de fundo. À volta do inspector existe sempre uma teia de conspirações que envolvem a Mafia, alguma magistratura tolerante, políticos complacentes, jornalistas exibicionistas e um cocktail de mulheres bonitas e boas comidas. Este novo livro consegue colocar Montalbano a descrever uma mulher, sua vizinha, e personagem central da intriga, com tanta minúcia e apetite como um dos belos pratos que a sua empregada, Adelina lhe prepara: sartu di riso alla calabresa, paste alla carrettiera, arancini, pasta ‘ncasciata, melanzane alla parmegiana. É terrível ter que ler um livro enquanto se googla pelas receitas dos pratos lá descritos - os que ele petisca em casa e aqueles que todos os dias experimenta no Enzo, a sua trattoria quotidiana. Edição disponível para Kindle, Amazon, a partir da edição original da Penguin." Fonte: Manuel Falcão, in A Esquina do Rio.
Livro(s): O mistério da Arca de Noé, Ellery Queen, n.80 da mítica Colecção Vampiro, com capa belíssima de Cândido Costa Pinto.
Música(s): Sonoridades de adultos com Hilary Kole. Pura magia.
Por estes dias decorre em Londres, uma exposição fotográfica evocando a vida da Duquesa da morte. Um dos detalhes que gostei: entrada gratuita. Assim se faz serviço público. Chapot.
BANKSIDE GALLERY, LONDRES 26 AGOSTO - 6 SETEMBRO 2015
"Dez
trabalhos inéditos de Agatha Christie foram encontrados nos arquivos familiares
e das companhias de teatro com quem trabalhou pelo produtor teatral Julius
Green, encenador de cerca de 250 peças e musicais da escritora
britânica. As descobertas, cinco novas peças e cinco dramas de um ato, vão
ser publicadas no livro Curtain Up: Agatha Christie - A life in Theatre dentro
de um mês, antecipando o 125.º aniversário do nascimento da "rainha do
crime".
Mistérios na sua maioria, uma das
peças, The Lie [A Mentira] descreve sentimentos de perda, traição e
infidelidade. Foi escrita quando o primeiro casamento da escritora terminou.
Agatha e Archie Christie separaram-se em 1927 e divorciaram-se um ano depois."As
suas más qualidades estavam todas sob a superfície", diz uma das
personagens. Julius Green diz que a tensão criada pela escritora, à medida que
os factos se vão conhecendo na sala de uma casa dos subúrbios, é habilmente
sustentada. A cena final é brilhantemente dramática", diz o produtor.
Os inéditos foram encontrados por
Julius Green em vários arquivos, da família e dos produtores de teatro com quem
Agatha Christie trabalhou. Ao investigador foi dada carta branca para explorar
todos os documentos. "Acesso sem precedentes", escreve o jornal
britânico Sunday Times.
"Fonte: Lina Santos, in DN Artes.
Dn.pt. por
"Com o romance O Que Diz Molero, Dinis Machado mudou de forma permanente o panorama literário português. Corriam os anos 70, e o 25 de Abril ainda não tinha acontecido. Mais de quarenta anos volvidos, este objecto raro das nossas letras mantém a sua imensa originalidade e frescura. Dinis Machado não publicou outros romances (a não ser os policiais que escreveu com o pseudónimo Denis McShade), mas continuou a escrever regularmente, durante mais de três décadas, em jornais e revistas sobre os mais variados temas, de entre eles duas das suas grandes paixões: futebol e cinema. Depois de Reduto Quase Final, seguido de Discurso de Alfredo Marceneiro a Gabriel García Márquez e de Gráfico de Vendas com Orquídea, a Quetzal dá continuidade à recolha dos melhores textos dispersos de Dinis Machado em livro." Fonte:Wook.
(Ex)Citações: "Mais de um terço dos incêndios de Agosto começaram à noite ; na primeira semana do mês houve 1766 incêndios florestais que destruíram nove mil hectares." Fonte: Manuel Falcão, in A Esquina do Rio;
Outras Conversas: "Ontem à direita, hoje à esquerda, o antissemitismo espanhol não morreu nem aprendeu nada em nenhuma das províncias. Este fim de semana, a organização do festival de reggae Rototom, em Castellón, Valência (com a gritaria habitual de uma ONG folclórica), exigiu ao cantor americano Matisyahu uma declaração sobre o "conflito palestiniano". Não o fez por Matisyahu ser israelita (não é) mas por ser judeu e judeu praticante (e, supremo pecado, por ser um "apoiante de Israel", sublinha o comunicado). Como Matisyahu se recusou a fazê-lo nos termos pedidos, o concerto foi cancelado, com o apoio de parte do cómico governo valenciano. Associar a discriminação ideológica ao racismo e ao antissemitismo foi uma das inovações trazidas pela inquisição espanhola no século XVI. Sinceramente, não parece ter mudado muito desde então." Fonte: Francisco José Viegas, in cm Blog.
Livro(s): O Caso da Loira de Olhos Negros, Erle Stanley Gardner - n.º415 da mítica Colecção Vampiro, Os Mestres da Literatura Policial, Edição «Livros do Brasil» Lisboa;
"Século XX, princípios da década de 1950: em Los Angeles, o detective Philip Marlowe sente-se inquieto e solitário. Nada de novo, portanto. Num desses dias sem história, uma jovem e bonita mulher entra-lhe no escritório. Chama-se Clare Cavendish, é herdeira de uma fortuna feita no mundo dos perfumes, construída por uma família de imigrantes irlandeses, e quer contratá-lo. Pretende que Marlowe encontre um antigo amante, um homem chamado Nico Peterson, que desapareceu. Haverá alguma intenção oculta nesse pedido de investigação? O que poderia ser um caso relativamente banal, torna-se um trabalho tão estimulante quanto arriscado para Marlowe. Por um lado, irá sentir-se enfeitiçado pela loura de olhos negros. Por outro, irá envolver-se numa investigação de alto risco para tentar descobrir até onde poderão ir os Cavendish para proteger uma grande fortuna. Trata-se de um romance de leitura intensa, em que Benjamin Black nos faz regressar ao mundo sombrio e hipnotizante de O Longo Adeus, de Raymond Chandler, e ao seu singular detective Philip Marlowe, uma das personagens mais icónicas e de popularidade mais duradoura da ficção policial." Fonte: Wook.
"Uma jovem herdeira que pretende associar-se com uma amiga para formar uma empresa de investigação é contrariada pelo seu tutor, que tem melhores planos para o seu futuro. A sociedade parece assim condenada a desfazer-se antes mesmo de ter sido constituída. E no entanto, algumas horas mais tarde, é o próprio tutor quem vai pedir auxílio a Theodolinda Bonner, Dol Bonner para os amigos, a segunda sócia da empresa que não chegara a formar-se.
Por causa desse pedido, Dol desloca-se no mesmo dia a Birchhaven, a imensa propriedade de Peter Lewis Storrs, o tutor da jovem Sylvia Raffray. A sua missão, que decidira aceitar, consistia em desmascarar o passado do líder de uma seita orientalista, George Leo Ranth, que andava a extorquir dinheiro da mulher de Storrs. O cadáver deste último será, porém, descoberto por Dol pouco tempo depois da sua chegada a Birchhaven.
Assim se inicia o intrigante mistério do estrangulador enluvado, o primeiro caso da detective Dol Bonner, uma das grandes heroínas de Rex Stout." Fonte: N. 646 da Colecção Vampiro - 1.ª edição, Lisboa - Maio de 2001 c/ capa de A. Pedro.
(Ex)Citações: «se isto continuar assim, o PSD limpa o PS. Em matéria de propaganda eleitoral, o PS marca golos na própria baliza.» Fonte: ouvido na rua, e a quem diz ´ não quer saber da política´.
Outras Conversas:"Os patetas do controle tecnológico rejubilam com o Cartão de Cidadão, como bons provincianos. Através dele pode – quem pode – ter-se acesso à nossa conta fiscal ou bancária, ao historial de multas de trânsito, ao currículo de doenças e compras de medicamentos, à conta da Via Verde e, agora, às marcas de cigarros que compramos (porque há máquinas que são ativadas com o CC). Se “as autoridades” quiserem, podem cruzar as nossas compras de supermercado, de tabacaria e de sex-shop e estabelecer um padrão de mau comportamento. Se a isto somarmos as autorizações que estão prestes a ser dadas – por lei – às secretas para coligir toda a informação que pretendem dos cidadãos, estamos a autorizar um belo Estado que, além de saquear impostos colossais, será mais intrusivo e pleno de poderes. Preparem os manguitos." Fonte: Francisco José Viegas, in coluna do Jornal Correio da manhã.
Livro(s): A Arte da Viagem, Paul Theroux, série Serpente Emplumada, Quetzal;
Após a leitura do livro MAPA DESENHADO POR UM ESPIÃO, de Guilhermo Cabrera Infante, Quetzal, Lisboa, 1.ª edição Maio de 2015. - a revolução cubana e o ostracismo do Eu.